Você viram esta reportagem abaixo na Revista Crescer? É por isso que faço um programa bem completo para gestantes, com encontros quinzenais, para não correr o risco do peso disparar, aumentar a pressão arterial, desenvolver diabetes, garantir os nutrientes necessários para o bebê, prevenir estrias, preparar as mamas para a amamentação… Após o parto, há a sequencia com o acompanhamento da amamentação e a perda de peso da mamãe.

Uma pesquisa divulgada no jornal Obstetrics & Gynecology, a publicação oficial doAmerican College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG), nos Estados Unidos, revelou um dado preocupante: 47% das grávidas ganham mais peso do que o indicado durante a gestação. Para chegar a esse resultado, os cientistas analisaram informações de cerca de 44 mil mulheres, que deram à luz entre 2010 e 2011 nos Estados Unidos. Os pesquisadores ainda não identificaram ao certo quais são os fatores que contribuem para o excesso, mas os resultados apontam outro dado crítico: mulheres que estão obesas ou acima do peso no início da gravidez têm de duas a três vezes mais chances de engordarem além do que deveriam. “Por isso, é importante que aquelas que estão planejando engravidar no futuro mantenham um peso saudável”, conclui a doutora Andrea Sharma, cientista sênior na Divisão de Saúde Reprodutiva doCenters for Diseases Control and Prevention (CDC) e autora do estudo.

Grávida na balança (Foto: Thinkstock)
É claro que essa não é uma tarefa fácil. “A rotina agitada não permite, muitas vezes, que a gestante faça uma dieta saudável durante o dia, por conta da correria do trabalho. Outro fator que contribui para o ganho de peso é a falta de tempo para fazer atividade física”, explica o ginecologista e obstetra Luis Fernando Leite, do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP). Algumas armadilhas, como comer fora de hora e ingerir carboidratos em excesso, como pães, bolachas, bolos e doces em geral, também podem fazer o ponteiro da balança andar mais do que deveria. O consumo de bebidas industrializadas, como sucos e chás, que costumam conter alto teor de açúcar, aumentam consideravelmente a ingestão de calorias.
Quais são os riscos?

O ganho excessivo de peso durante a gestação pode trazer sérios problemas tanto para a mãe quanto para o bebê. Além de aumentar os riscos de a mulher desenvolver pressão alta e diabetes, os quilos extras podem provocar dores nas costas, dores articulares, inchaço, prisão de ventre, infecções e dificuldade para respirar e dormir. Isso sem falar na possibilidade de ter varizes e estrias, que deixam marcas na pele. Vale ressaltar ainda que, quanto mais peso a mulher ganhar na gravidez, mais esforço terá que fazer para emagrecer após o nascimento do bebê. “Estudos mostram que o fracasso em retornar ao peso anterior no período de seis a doze meses após o parto é um importante indicador de obesidade para a mãe a longo prazo”, explica Andrea.

Outros fatores que a consequência do controle de peso traz são o risco de complicações no parto, de prematuridade ou do bebê nascer acima do peso ideal — o que aumenta a chance da criança ser obesa.
Nada de comer por dois

“Um embrião de 14 semanas deve pesar em torno de 100 gramas. Com 20 semanas (na metade da gravidez), o peso médio é de apenas 300 gramas e com 27 semanas (seis meses completos), cerca de um quilo. Portanto, não se justifica engordar muito até pelo menos cinco meses de gravidez”, explica Leite.

O primeiro trimestre não requer um reforço na dieta – mesmo porque os enjoos são frequentes e, por conta disso, o apetite costuma diminuir. “Nessa fase, a mãe possui reserva dos nutrientes necessários para o desenvolvimento do feto, desde que não tenha iniciado a gestação abaixo do peso”, explica a nutricionista Isabelle Tafuri da Clínica Nutrivial. Já no segundo trimestre, a mulher deve ingerir cerca de 340 calorias extras por dia e no terceiro, 450. Para se ter uma ideia, 350 calorias equivalem a uma maçã de tamanho médio, um copo de iogurte grego sem gordura e um punhado de amêndoas. Ou seja: acrescentando um lanchinho saudável ao dia já dá para satisfazer a demanda calórica da gestação – não é preciso aumentar as porções das principais refeições, nem recorrer a alimentos calóricos.

“Para evitar a hipoglicemia, a gestante não deve permanecer por mais de três horas sem se alimentar, realizando três refeições principais (café da manhã, almoço e jantar) e lanches intermediários”, explica a nutricionista.

O peso da gravidez

Vamos fazer um cálculo rápido. O bebê pesa cerca de 3 quilos. A placenta, que será eliminada no parto, normalmente tem 20% da massa da criança, ou seja, aproximadamente 600 gramas. Até o final da gestação, o corpo da mulher produziu cerca de 1 litro de líquido amniótico,  o que equivale a mais ou menos 1 quilo. Fora isso, a gestante costuma ter pelo menos 1,5 litro – 1,5 quilo – de líquido extracelular, o culpado por aquele inchaço todo, e ainda um volume de sangue 50% aumentado, que pode fazê-la ganhar até 2 quilos. Tudo isso junto soma o equivalente a 8 quilos – o resto é gordura e inchaço nas mamas devido à produção de leite. “É claro que isso tudo varia de acordo com o peso da mulher”, ressalta o obstetra e ginecologista Eduardo Zlotnik, vice-presidente do Hospital Albert Einstein. “Se a grávida já mantém um estilo de vida adequado, pratica atividade física e tem uma dieta saudável, terá menos retenção de líquidos”, completa.

A recomendação é que, já no início da gestação, a mulher consulte seu obstetra para receber uma orientação clara sobre quais são os limites para o ganho de peso de acordo com o seu índice de massa corpórea (IMC). Na dúvida, peça para o seu obstetra indicar um nutricionista. O profissional pode ajudá-la a controlar não apenas a quantidade de calorias, mas a qualidade da dieta.

Fonte: http://revistacrescer.globo.com/Voce-precisa-saber/noticia/2015/03/quase-metade-das-gravidas-engordam-mais-do-que-o-recomendado-aponta-estudo.html

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